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GEHRD/IFMG apresenta resultado final de pesquisa sobre casas centenárias do Centro Nordeste de Minas no I Simpósio de Arqueologia da UFVJM

Publicado: Terça, 16 de Mai de 2017, 12h53 | Última atualização em Terça, 16 de Mai de 2017, 12h53

O Grupo de Estudos em História Regional e Desenvolvimento – GEHRD, representado pelo prof. Me. Isaac Cassemiro Ribeiro, em coautoria com Vitor Ezequiel Moreira e Silva (3º Ano Técnico em Agropecuária), apresentou a comunicação intitulada “Morar nas Fronteiras da Mata do Peçanha: cultura material, arqueologia da arquitetura e habitações no Centro Nordeste de Minas (1810 – 1900)”, no I Simpósio de Arqueologia dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, que ocorreu entre os dias 8 a 10 de Maio no campus da UFVJM, em Diamantina (http://arqueologiaufvjm.wixsite.com/savjm).

Foram apresentados resultados finais da pesquisa de iniciação científica júnior – PIBIC-Jr, intitulada “Cultura Material e Habitações no Centro Nordeste Mineiro: um levantamento das “casas centenárias” como subsídio para o fortalecimento da identidade regional e das políticas de defesa do patrimônio cultural”, aprovada no edital IFMG 199/2015, e financiada pelo IFMG e pelo CNPq.

Uma das principais fontes utilizadas na referida pesquisa foram os Inventários post-mortem do acervo do Fórum de Guanhães e do antigo acervo do Fórum de Peçanha, datados entre os anos de 1857 a 1886. Esses documentos apresentavam todos os bens deixados pelos falecidos, desde escravos e casas, até colheres e garfos.

Da análise dessa documentação, conclui-se que 64% das pessoas que deixaram inventário de bens na região possuíam escravos, porém, 25% possuía apenas 1 escravo, e a maioria, (67%) até 6 escravos. O que configurava uma economia escravista aliada a mão de obra familiar. A sociedade do Centro Nordeste de Minas no período Imperial, era muito desigual, com um terço de inventariados podendo ser considerados pobres, ao mesmo tempo em que cerca de um sexto dos inventariados detinha a maior parte da riqueza do grupo. Também pode-se constatar que os grupos médios detinham certa expressão dentro do padrão de distribuição da riqueza, concentrando cerca de um terço da riqueza total.

Os inventários mostram que a maior parte dos ativos esteve empregada na compra de mão de obra escrava (47%), seguido por imóveis (27%), dívidas ativas e passivas (15%), bens profissionais ou pessoais (6%) e animais (5%).

As terras correspondiam à 56% dos investimentos em imóveis, seguidas pelas habitações (24%) e benfeitorias (20%). A participação das casas rurais no valor total das avaliações (66%) foi maior que das moradias urbanas. Os “utensílios domésticos” corresponderam a apenas12% dos “bens profissionais ou pessoais”. Dentre eles, se somarmos os objetos ligados a ações de “alimentar” e de “cozinhar”, temos que a esmagadora maioria desses ativos (80%) estavam ligados aos rituais sociais de refeição, que, tanto no nível da produção de alimentos (cozinhar), quanto no seu consumo e/ou na exibição ostentativa de objetos de prata e/ou de luxo envoltos nesse ritual, concentrava quase um quarto de todo o investimento em “bens profissionais ou pessoais”.

Sobre os tipos de móveis encontrados nos inventários, constatamos que o maior valor (45%), era destinado àqueles empregados na guarda de objetos (caixas, baús, arcas), seguido por móveis de descanso (catres e camas) (18%), luxo (relógios de parede, de mesa) (18%), apoio (mesas, bancadas) 14% e assento (bancos, tamboretes, e apenas 1 cadeira) 5%.

A análise arqueológica das plantas-baixas das habitações demonstrou que houve, no geral, uma tendência ao aumento do número de cômodos no final do Oitocentos, maior na zona rural. No decorrer do século, os cômodos das casas ficaram cada vez mais restritos à circulação interna, materializando o valor da intimidade portas adentro, sobretudo nas fazendas (ponto fulcral da economia regional). Notamos também o aumento nos níveis de dificuldade da acessibilidade externa aos cômodos das residências, estes, por sua vez, maiores nas habitações urbanas.

Pela análise estética e arquitetônica das habitações urbanas, podemos notar que em sua maioria, as casas do período possuíam vãos com vergas retas, aparecendo alguns exemplares com vergas alteadas em forma ogival (neogótico), demonstrando a ligação da arquitetura vernácula regional ao padrão simétrico de inspiração classicizante (neoclássico) e/ou eclético, já no fim do século, inspirado, através de processo mimético, naqueles encontrados no antigo arraial do Tejuco (Diamantina) e vila do Príncipe (Serro).

Os trabalhos de pesquisa do GEHRD estarão disponíveis no site do grupo a ser concluído.

Simpsio Arq. UFVJM


Museu Peanha

Museu Histórico de Peçanha

 

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Caixa de couro com pregaria - Acervo museu hitórico de Peçanha

 

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