Projeto "Hashtag: Movimento de Mulheres" divulga reflexão sobre o filme "Barbie"
O texto abaixo foi escrito pela Professora Visitante Kátia Franciele Corrêa Borges como uma ação do projeto "Hashtag: Movimento de Mulheres", coordenado pela mesma.
O filme da Barbie: percepções, feminismo e patriarcado
Os brinquedos têm propósitos pedagógicos e determinam os papéis de gêneros para meninas e meninos. A Barbie foi a primeira boneca adulta, criada por Ruth Handler em 1959. Ruth observou sua filha, Bárbara, brincando com roupas e sapatos de adultos e logo teve a sacada de que crianças poderiam gostar de bonecas que parecessem adultos. No mesmo ano de seu lançamento a empresa Mattel vendeu cerca de 350 mil bonecas e a Barbie logo se tornou um ícone de representação feminina e tendência de moda. Ao longo do tempo, a Mattel vendeu bilhões de bonecas Barbie e sua representação estereotipada loira, alta e magra disseminou valores de um padrão de beleza inatingível para a maioria das meninas e mulheres.
O feminismo liberal disseminado nas diversas profissões representadas pela Barbie passa a ideia de que toda mulher poderia ser empoderada como a Barbie. No entanto, sabemos que isto não é possível. No Brasil, nem todas as meninas têm condições de ter a boneca Barbie cujos valores variam entre 30 e 500 reais. Então, outras fábricas de brinquedos produzem réplicas similares dando-lhes novos nomes, como a Suzi. Assim, se não se pode ter a Barbie, a Susi é uma forma de compensação.
O filme recentemente lançado, de Greta Gerwig, apresenta uma Barbie “estereotipada” interpretada pela brilhante atriz Margot Hobbie, que vai ressignificando seu mundo cor-de-rosa quando entra em contato com mundo real e se assusta com o desrespeito dos homens. Assim como também com a introdução do patriarcado, pelo seu namorado Ken, no seu mundo imaginário, a Barbilândia. Na primeira semana de lançamento, o filme já faturou US$ 344 milhões ao redor do mundo, segundo dados da Comscore. o filme já é um sucesso! Sem dúvidas a Mattel vai vender mais alguns bilhões de bonecas. E, embora apresente um acentuado discurso feminista, o capitalismo por traz do seu lançamento já colhe seus frutos. Nas redes sociais, sobretudo no Instagram, diversificadas empresas vendem produtos cor-de-rosa usando o filme como pretexto. A Barbilandia é o mundo real.
Apesar de movimentar o comércio, o filme é inovador. Imagina um monte de meninas percebendo que uma mulher sozinha pode ser feliz. Que existem bonecas Barbie de gêneros, formas e etnias diversificadas. Que o patriarcado pode ser ruim tanto para as mulheres quanto para os homens. E, o melhor, é que até a Barbie estereotipada não quer mais este papel. É o capitalismo se inovando, usando o discurso feminista. Mas tudo bem, pois como lembrou a saudosa Bell Hooks “o feminismo é para todo mundo”. Então, viva o feminismo de Greta Gerwig, viva a Barbie, viva a diversidade e, principalmente, viva as meninas e mulheres que aprendem que podem ser o quiserem ser.
Texto de Kátia Franciele Corrêa Borges.
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